quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Legalize It! Don't Criticize It! - Quarta Científica #3

Estudo Indica que Maconha É Mais Segura Que Álcool ou Tabaco




Através de um novo método de medição dos riscos de mortalidade associados ao uso de várias drogas legais e ilegais, cientistas confirmaram o que estudos anteriores haviam sugerido: o álcool é o mais mortal e a maconha, a menos.

De acordo com o estudo, a nível individual, bebidas alcoólicas trazem o maior risco de morte, seguidas da nicotina, cocaína e heroína, o que sugere que os riscos do consumo de álcool foram muito subestimados no passado. A maconha se demonstrou bem menos perigosa, indo parar na outra ponta da lista, o que reforça pesquisas anteriores que a indicam como a droga recreacional mais segura de se usar. Pode não ser o que os governos queriam ouvir, mas reforça a necessidade de se apoiar em evidências científicas durante a criação de políticas sobre o uso de substâncias.

Ao que parece, uma boa parte do mundo já tem opinião formada sobre os perigos de substâncias ilegais há muito tempo. Isso, somado à dificuldade de se aferir e classificar o risco de abuso de substâncias nas pessoas, quer dizer que há poucos estudos comparando os perigos de diferentes drogas. Além disso, já que o abuso de drogas ilícitas é considerado um problema maior para a sociedade do que o uso de outras substâncias prejudiciais, como o álcool e até mesmo remédios, os governos penderam para o lado de políticas de restrição que acabam sendo baseadas mais na emoção e em palpites informados.

Apesar das dificuldades, alguns estudos tentaram aferir os riscos inerentes a várias drogas, medindo o quão viciantes e tóxicas elas são em termos de uso agudo e crônico, mas foram alvo de crítica, pois alguns resultados foram subjetivos ao invés de científicos. Numa tentativa de resolver esses problemas, cientistas desenvolveram uma nova técnica de medição de riscos, chamado de método "Margem de Exposição". Em termos simples, ele analisa a diferença entre a dose que pode gerar efeitos adversos e a dose que costuma ser consumida. As substâncias investigadas foram heroína, cannabis, nicotina, álcool, metadona, anfetamina e ecstasy.

Publicado no Scientific Reports, o estudo descobriu que, no uso individual, quatro substâncias foram classificadas como de alto risco: álcool, nicotina, cocaína e heroína. As outras entraram na categoria de simplesmente "Risco". Entretanto, se olharmos o risco para a população, não para o indivíduo, somente o álcool foi considerado de alto risco. De acordo com os resultados, a cannabis é 114 vezes menos letal que o álcool, e foi a única substância da lista a ser considarada de baixo risco de morte.

Dito isso, os pesquisadores frisaram que esses resultados de maneira nenhuma significam que beber álcool moderadamente é pior que injetar heroína. Muitos dos perigos associados ao uso de substâncias tem a ver não com a droga em si, e sim o ambiente no qual ela é usada, como por exemplo, a partilha de agulhas usadas, e esses fatores não foram computados no estudo.

Apesar desse estudo ter buscado absolver as pesquisas anteriores, e mesmo assim ter produzido resultados semelhantes, é importante notar que ele ainda carrega limitações vitais, algumas das quais os próprios autores sublinharam na publicação. Para citar um deles, há poucos estudos examinando os efeitos das drogas a longo prazo, ou seja, o risco de morte é o único que pôde ser aferido, não o de câncer, por exemplo. Ademais, apesar da cannabis ter sido considerada a menos perigosa, o método de consumo não foi considerado. Apesar dos componentes da maconha não gerarem grandes riscos à saúde, consumi-la pelo fumo traz, devido à inalação de agentes irritantes. Comê-la, portanto, seria um método de exposição mais seguro, mas isso não foi comentado pelos autores.

Críticas à parte, qual é a lição de moral? De acordo com os autores, estaríamos gastando melhor nosso tempo tentando gerenciar os riscos do álcool e do tabaco ao invés dos das drogas ilegais. Além disso, eles sugerem que para drogas de baixo risco como a maconha, é melhor e faz mais sentido regular do que proibir.

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