segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O NYT que vá carpir um lote. Eu ainda vou comprar um Glass assim que puder - Tecno-segunda #1

Foi mal, mas o Google Glass vai muito bem obrigado.

http://www.wired.com/2015/02/sorry-google-glass-isnt-anywhere-close-dead/



Ned Sahin está apostando o futuro de sua empresa no Google Glass.

Sahin é um neurocientista cognitivo, PhD por Harvard e Mestre pelo MIT, e recentemente lançou uma startup ambiciosa chamada Brain Power, desenvolvendo software para o Glass voltado para ajudar crianças autistas a aprender a interagir com os que estão à sua volta. Com o seu visor, o Glass pode dar instruções enquanto a criança está interagindo com outras pessoas e seu acelerômetro pode registrar como está sendo a resposta. De acordo com Sahin, isso faz do Glass a ferramenta ideal para tratar o autismo, que, de acordo com o Centro de Controle de Doenças, já afeta uma a cada 68 crianças.

"O Google está à frente da marcha. Eles criaram um dispositivo que foi testado por milhares de pessoas por dois anos," diz Sahin. "As pessoas empinam o nariz porque ele não é isso ou é muito aquilo — porque ele ainda não trouxe a paz mundial — mas com certeza é um dispositivo muito bem planejado, se comparado aos outros periféricos que saem de startups e outras empresas hoje em dia."

Sim, o Glass é o saco de pancadas favorito do mundo da tecnologia — especialmente na mídia popular. Na última quinta-feira [05/02/2015], o The New York Times publicou algo que parecia muito um obituário dos óculos computadorizados da Google, colocando a culpa de sua morte súbita no cofundador Sergey Brin e seu caso extraconjugal com uma diretora de marketing. "O fundo do poço talvez tenha chegado semana passada, quando a Google, do nada, anunciou que o Glass como conhecemos estava indo embora," escreveu o Times. "Puf! Sumiu. Toda aquela fanfarra por nada."

Mas, para Sahin e várias outras empresas, que desenvolvem softwares médicos, industriais e para outras áreas, os óculos da Google estão vivos e muito bem. A Google está vendendo todos os exemplares que elas pedem e, ao que parece, está servindo para aumentar o número de funcionários da Google empenhados em tornar o Glass mais do que um gadget cotidiano que fica gozado na sua cara.

"Nos deram acesso irrestrito a exemplares e suporte do Google Glass," diz Ian Shakil, presidente da Augmedix.com, que oferece software criado para ajudar médicos a organizar fichas de pacientes. "Para nós é tudo de bom, exceto por termos que passar para frente as perguntas do público e dos consumidores, que querem saber o que está acontecendo com a Google."

Sahin e a Brain Power estão para iniciar um teste clínico com o Glass no Massachusetts General Hospital em Boston, e essa semana ele estará visitando a Google para discutir o futuro do dispositivo - que é algo que ele faz regularmente. "Eles estão nos ajudando a estar prontos para o futuro," diz ele, "As pessoas podem acreditar que o Glass não vai decolar, mas nós gostamos do jeito que a Google o fez. E mesmo se a Google não estiver nos apoiando, nós vamos seguir adiante com nossa ideia."

Pessoas como Sahin e Shakil acharam graça das reportagens recentes sobre o Glass, porque as relações deles com a Google não mudaram. E, de fato, a Google vem dizendo há muito tempo que o programa Glass at Work - que aumentou de cinco para dez parceiros desenvolvedores em Outubro último, todos dedicados a desenvolver aplicativos para negócios e hospitais pelo país e pelo mundo - vai continuar firme.

Olhando de fora, Shakil e outros parceiros do Glass at Work, como Jon Fischer da CrowdOptic e Yan-David Erlich, da Wearable Intelligence, dirão que a atividade nessa área na verdade aumentou dentro da Google, com mais promessas sendo feitas (mediante acordos de não-divulgação). "Sempre houve esse debate de consumidor versus empreendimento," diz Shakil sobre o uso do Glass em grandes empresas. "Temos que reconhecer que o empreendimento vem primeiro."


Morte Exagerada Demais


Como um eletrônico cotidiano, o Glass está, de fato, morto - mas só temporariamente. No fim de Janeiro, a empresa desativou o programa Glass Explorer, que oferecia exemplares para consumidores e desenvolvedores individuais que tivessem interesse em, bom, explorar o Glass. Mas, como o Times ressalta, a Google está retirando o Glass do laboratório de pesquisa Google X e colocando-o em um grupo corporativo separado comandado por Tony Fadell, pai do termostato inteligente Nest, onde a intenção é criar uma nova versão dos óculos.

"As recentes mudanças reforçam a dedicação do Google à categoria dos wearables em geral e estamos de cara grudada na mesa, construindo o futuro do produto," disse Ivy Ross, vice-presidente do Google Glass, que vai trabalhar com Fadell, em uma declaração à WIRED.

Com o currículo de Fadell (com o Nest e com a Apple) e a experiência de Ross como publicitária e designer de jóias, com certeza a nova versão vai ser direcionada tanto para os consumidores quanto para uso empresarial e médico. Sem dúvida, a Google afirma que o dispositivo vai continuar agradando gregos e troianos. Isso foi confirmado em dezembro por Chris O'Neill, o responsável pelos esforços de transformar o Glass em um negócio.

Mas se for para tirar algo da cobertura sem fôlego da mídia, é que o Glass tem um longo caminho a trilhar antes de ser um sucesso no mercado cotidiano devido a questões de privacidade, estética e recepção pelo público. No entanto, essas questões são menos importantes na área médica e na empresarial. São nelas que o Glass tem mais chance de obter sucesso, como previsto por muitos depois de sua revelação.

Hardware em Transição

Astro Teller supervisionou o desenvolvimento do Glass como chefe do Google X, e quando o dispositivo foi lançado em 2013, ele não o usou muito. Ele usa óculos de grau e não conseguia usar o Glass por cima. "No ano passado, era muito frustrante," disse ele.

Desde então, foi desenvolvida uma versão que se encaixa em óculos normais, e agora Teller usa o Glass - ou, pelo menos, usou quando falamos com ele no Google X em dezembro. A moral da história é que quando ele chegou às lojas, o Google Glass estava longe de ser um produto finalizado. E continua evoluindo.

Sim, a Google o lançou muito cedo - especialmente se considerarmos o quanto a empresa estava determinada a vender a imagem de um eletrônico cotidiano que se usa o tempo todo. E, sim, isso prejudicou muito a opinião pública do Glass. Mas, como podem afirmar Sahin e Arshya Vahabzadeh, que estpa ajudando no teste clínico no Mass General, o Glass pode ser incrivelmente útil no tratamento de autismo. Outras pessoas no programa Glass at Work e em hospitais por todo o país veem o potencial de cirurgiões e outros profissionais de ter acesso a imagens, câmeras e dados online tendo as mãos livres para outras tarefas.

Hoje, outras empresas como Epson e Meta oferecem headsets computadorizados que suprem o mesmo tipo de mercado. Eles também conseguiram entrar nos empreendimentos estadunidenses. E a imprensa é bem menos negativa com eles. Mas, como Sahin saliente, eles não tem a maturidade do Glass.

Sem dúvida nenhuma, esses competidores têm uma grande vantagem contra a Google - uma vantagem de percepção, não de tecnologia. A percepção é importante, mas outras coisas também são. Muitos veem o Glass como um fracasso, mas outros, como Yan-David Erlich, têm uma visão muito diferente. Erlich acredita que tudo que o Glass precisa é se virar para o mundo empresarial. "Eu considero as notícias super positivas," diz ele.

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