segunda-feira, 23 de março de 2015

Um Robô Inteligente Não Cura 7 Bilhões de Pessoas Burras - Tecno-Segunda #7





Eu estou acompanhando uma série chamada Orphan Black, que fala de um projeto de clonagem que deu errado. De um lado, cientistas que perderam a noção de humanidade e do outro, fanáticos religiosos que consideram a tecnologia uma abominação.
Tentar aprender com séries de TV ou livros de ficção científica pode ser perigoso, mas tudoindica que, enquanto a tecnologia avança pisando fundo no acelerador, haverão os que têm medo do que esta por vir e as pessoas vão acabar tendo que escolher um lado.

Em parte, isso se deve ao fato da tecnologia estar sempre alguns passos à frente da sociedade. Nós temos dificuldade de assimilar o que já existe hoje. Não temos nem protocolos sociais para lidar com smartphones e a mentalidade de sempre estar conectado e compartilhando tudo com o mundo.

Ainda mandamos SMS enquanto dirigimos, andamos de cabeça baixa olhando para o telefone e falamos (alto) no metrô. Alguns de nós nem conseguem lembrar de colocar o celular no silencioso em reuniões e salas de cinema.

E se você quiser saber de um caso de conduta altamente inapropriada, ano passado, um homem foi preso por tirar fotos por baixo da saia de uma mulher no metrô de Boston - atividade coloquialmente chamada de "upskirting". Apesar do ultraje geral da nação, o homem não podia ser acusado de um crime. Não havia lei escrita criminalizando aquela conduta, porque ninguém nunca teve que resolver um caso assim. Por sorte, o poder Legislativo de Massachusetts agiu com rapidez nesse caso, elaborando na hora uma lei para esse novo problema tecnológico.


San Francisco no Olho do Furacão


Temos visto uma grande comoção em San Francisco, o grande centro tecnológico nos Estados Unidos, o que pode ser um sinal dos tempos. Conforme se preenche as vagas de altos cargos no Vale do Silício, aqueles que fogem dos aluguéis caríssimos e dos restaurantes chiques não ficaram felizes. Ônibus da Google e do Facebook que ocupam os pontos da cidade foram atacados por cidadãos desgostosos.

Arrancaram o Google Glass da cara do meu colega Kyle Russel ano passado, supostamente em nome do fanatismo antitecnológico.

Indústrias prejudicadas também não costumam aceitar bem a situação. Motoristas de taxi vêm realizando protestos em cidades onde a rede social de caronas solidárias Uber está operando. Inquilinos e vizinhos têm reclamado de aluguéis feitos pela Airbnb. E por aí vai.

Eu peguei um taxi em Austin, Texas semana passada e, quando o motorista soube que eu era um repórter de tecnologia, ele sugeriu que eu escrevesse um artigo sobre como o Uber está prejudicando o ganha-pão dele. A isso se seguiu uma viagem inteira de reclamações sobre a rede. Lá estava uma pessoa que foi extremamente afetada por uma mudança tecnológica sobre a qual ele não tinha nenhum controle.


Tememos o Que Não Entendemos



Enquanto estava em Austin semana passada, eu também escrevi sobre uma manifestação anti-robôs. Houve dúvidas sobre o motivo real por trás do evento e descobriu-se que era, em parte, um golpe de publicidade. Falando com o porta-voz do grupo, ele admitiu que, apesar de ter feito aquilo para chamar atenção para seu novo aplicativo, havia um sentimento verdadeiro por trás da manifestação.

Supostamente, eles tinham genuína preocupação sobre o avanço rápido da tecnologia, especialmente nos campos de robótica e inteligência artificial, e as consequências disso na vida das pessoas. Protestos anti-inteligência artificial como o de Austin podem ter sido influenciados pelas declarações de Elon Musk, que doou $10 milhões de dólares em janeiro com o objetivo de "manter as IAs benéficas". Seja lá o que isso queira dizer, parece que acertou o calo de algumas pessoas.

E como aconteceu com os luditas no século XIX, que destruíram teares industriais para protestar contra o desemprego na indústria têxtil, talvez estejamos começando a ver sentimentos parecidos crescendo contra o desenvolvimento de várias tecnologias.

Hoje nós sabemos o que os luditas aprenderam do pior jeito: o avanço tecnológico não para por ninguém. Ele acontece independente do que façamos ou digamos. Claro, de vez em quando ele vai sair do nosso escopo de entendimento e de regulação apropriada. Quando isso acontecer, as pessoas provavelmente vão se revoltar.

Já estamos vendo os sinais, e eu prevejo uma revolta ainda maior no futuro, ainda mais com a tecnologia alterando mais e mais aspectos de nossas vidas, custando mais e mais empregos e ficando mais e mais inteligente. Precisamos de leis e normas cercando tudo isso e, no momento, estamos só no improviso.

Eu tenho confiança na nossa capacidade de adaptação enquanto sociedade, mas o passo da tecnologia não diminui e não nos dá tempo de entender todas as mudanças caindo em nossas cabeças. Ainda pode haver muito descontentamento até colocarmos tudo no lugar.

Fonte: TechCrunch

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