Star Wars: The Force Unleashed apresentou Starkiller (Galen Marek) à galáxia: um poderoso usuário da Força adotado ainda criança por Darth Vader como um aprendiz secreto. Com a benção e incentivo de George Lucas, Starkiller deveria mostrar o que um usuário da Força é capaz de fazer sem nenhum freio, fazendo uso de poderes que rivalizam ou talvez ultrapassem os de Yoda e do próprio Vader. Isso foi algo novo e empolgante para o universo Star Wars na época. Algo que era para demonstrar que os videogames tinham sido completamente abraçados como um método de contar histórias. Fora isso, foi uma ponte entre as duas trilogias que gerou consequências bem duradouras.
Recebendo o nome de Starkiller depois de adulto, sua missão era eliminar os últimos Jedi vivos no caminho de um objetivo maior: ajudar Vader a matar o Imperador e se tornar, definitivamente, um Lorde Sith. Entretanto, sua existência foi descoberta pelo Imperador e Vader teve que mudar para o plano B: formar um grupo de resistência que destruiria o Imperador. Palpatine estaria tão distraído pela guerra civil que se seguiria que abaixaria sua guarda e daria a Vader uma oportunidade de atacar.
E então algo aconteceu. Não, não estamos falando de como a história de "começar uma rebelião" foi um plano concebido por Darth Vader e o Imperador como um jeito de atrair traidores. Também não estamos falando de como Starkiller deu uma de Vader às avessas, descobrindo a Luz, se apaixonando e se sacrificando na luta contra Palpatine, um sacrifício que marcou o início da Aliança para a Restauração da República (posteriormente chamada de Aliança Rebelde) que adotou a insígnia de Marek como seu símbolo. Estamos falando de Setembro de 2012, quando foi anunciado que tudo que ocorreu no Universo Expandido de Star Wars não era mais canônico à franquia. Ou seja, nenhum videogame, seja The Force Unleashed, Knights of the Old Republic ou Republic Commando, influenciou o universo Star Wars de qualquer maneira, o que invalidou tudo que os videogames contribuíram para a história.
Na atual conjuntura, a história oficial da Aliança Rebelde é um pouco mais tradicional. Como foi mostrado na série Star Wars: The Clone Wars, os últimos membros da Ordem Jedi se juntam a membros dissidentes do Senado Imperial. Juntos, eles formam uma aliança dedicada a travar uma guerra de desgaste contra o Império. Simples, lógico e completamente sem graça.
Por um lado, o fato de não ser canônico permite a existência de todos os acontecimentos insanos de The Force Unleashed 2, especialmente o final. Se não influencia nada, então dá para fazer qualquer coisa. Por outro, usar Starkiller para fundar a rebelião como parte de um plano para encontrar traidores no Império é uma ideia tão maluca que somente um gênio poderia concebê-la. E pelo menos faz mais sentido que bactérias espaciais serem o fator determinante para ser sensível à Força.
Parando para pensar, Starkiller fundando a Rebelião pode ser interpretado de dois jeitos. Primeiro, é o esforço supremo de Darth Vader de subir ao poder. Até então, os fãs o conheciam ou como o impetuoso (e chorão) Anakin Skywalker, que traiu a Ordem Jedi inteira, ou como Darth Vader, o cara que conseguia esmagar a sua traqueia do outro lado de uma chamada de vídeo. Mas o processo de treinar e usar Starkiller (e, por tabela, a Aliança Rebelde) para matar o mestre que ele sabe que não derrotaria em uma luta direta demonstra que Vader também consegue ser muito paciente. A Aliança demorou bastante, mas eventualmente conseguiu criar a oportunidade que ele precisava para eliminar o Imperador. Vader pode ter atirado uma pedra que demorou décadas para acertar o alvo, mas pelo menos conseguiu ficar conhecido como o maior fodão da galáxia no processo.
Outra interpretação possível é que a história de Starkiller é o Imperador cometendo suicídio. Foi ele quem concebeu o elaborado plano para consolidar ainda mais seu próprio poder, mas o tiro saiu pela culatra e eventualmente destruiu tudo que ele havia conquistado. Ou talvez Palpatine quisesse ver se Vader tiraria vantagem de seus planos e provaria seu mérito matando o próprio mestre como os Sith costumam fazer. Ambas as ideias facilmente podem ser vistas como desejos suicidas.
A história de Starkiller gera uma pilha de perguntas que torna os acontecimentos da série Star Wars ainda mais interessante. Se a Aliança foi criada como parte de uma trama secreta do Império, que impacto isso teria no seu senso de identidade? Se o Imperador permitiu sua própria queda, então ele era a única pessoa que podia se derrotar? Seja qual for a interpretação, a presença de Starkiller cria um ar de complexidade em uma história que, até então, era bem simples, isso sem falar nas consequências dos outros jogos. Ao negar a presença de Starkiller no universo, Star Wars perdeu uma peça muito valiosa.
Fonte: ShackNews
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