terça-feira, 5 de maio de 2015

"Estava No Roteiro" Não É Uma Resposta Válida - Terça no Cinema #12

Criar um bom herói ou vilão é uma tremenda corda bamba. Eles precisam ser duros na queda ou a batalha final vira briga de criança. Mas se eles forem duros demais, ficam sem-graça, já que não há drama na invencibilidade. A melhor coisa a fazer é escrever personagens equilibrados com seus próprios desafios físicos e morais a superar. A pior coisa a fazer é dar superpoderes malucos que não são usados no frigir dos ovos. Tipo...

Batman E Seu Super-Chute



Em O Cavaleiro Das Trevas Ressurge, Bane planeja destruir Gotham City com seu time de terroristas e seu amor por monólogos que ninguém consegue entender. Batman, que não é o tipo de bat-pessoa que aceita a destruição de bat-cidades inteiras, vai atrás de Bane e os dois entram em uma batalha de vozes ridículas. O que se segue é o Homem-Morcego apanhando como um filho que apanha da mãe, perdendo todos os batbrinquedos e ainda levando uma fratura na coluna de brinde.

Mas Espera Aí


Bane é o anti-Batman. Sem tecnologia nem piedade, ele o conhece e a todos os seus acessórios, e suas excelente condição física consegue aguentar todo o treinamento que Batman possui. Mas o Cruzado Embuçado tem uma arma secreta que Bane não teria como prever: em uma cena anterior, vemos Bruce Wayne voltando à forma, o que inclui colocar uma braçadeira de perna hi-tech que consegue arrancar tijolos da parede na base do chute.


Essa habilidade seria uma enorme vantagem em qualquer luta, ainda mais pelo fato de ser um truque novo que pegaria Bane de surpresa. E justamente por isso, nunca mais se ouve falar dele. O que aconteceu aí? Esqueceu de colocar a braçadeira antes de ir para a luta mais importante da vida? Comassimbial? Sugere-se que ele precisa desse equipamento para fazer suas bat-proezas, como dar voadoras de vingança na injustiça do mundo. Nesse primeiro embate, Bane deveria ter saído de cena com seus testículos no lugar dos olhos enquanto o homem-morcego fazia a dancinha da vitória.



A Fraqueza Dos Jedi: Ar



Star Wars Episódio III conclui a história de um grande herói terminando sua descida ao lado negro... e também tem Anakin Skywalker virando Darth Vader. A cena de abertura é uma batalha espacial gigantesca entre a República e os Separatistas, que são tão malignos que sequestraram o Chanceler Palpatine e nos fez aturar tipo 200.000 horas dele falando de relações de comércio.

Anakin e Obi-Wan abordam a nave onde Palpatine está e imediatamente são confrontados por um batalhão de dróides. Os dois Jedi rapidamente dão cabo dos inimigos, porque é óbvio que mandar robôs atrapalhados contra dois cavaleiros espaciais com poderes mágicos é uma excelente ideia.

Mas Espera Aí


Anakin e Obi-Wan têm poderes telecinéticos, agilidade sobre-humana e, claro, sabres de luz. Mas os incompetentes dróides ainda têm uma vantagem essencial contra os Jedi: não precisar de oxigênio. Em terra, isso é irrelevante, mas essa luta se passa em um hangar que aparentemente até já está aberto para o espaço. Por que tem oxigênio naquela parte da nave para começar? É um hangar operado completamente pelos dróides. Oxigênio dá barato neles ou o quê?

Não só era para ser possível desligar o oxigênio para aquela parte da nave, era para ser impossível que ele estivesse lá para começar. É só desligar o campo de força mágico e o resto do filme seria os Sith decorando o jardim com dois Jedi-colés.

Neo Só Voa Quando Quer




No final de Matrix, Neo morre e volta à vida pelo poder do amor e da preguiça do roteirista. Agora ele pode voar, parar balas com as mãos e, principalmente, mergulhar de cabeça dentro do Agente Smith, fazendo-o explodir. Basicamente, um Superman gótico.

Mas Espera Aí


Matrix Reloaded começa com uma luta contra três agentes e Neo comentando que eles "melhoraram", que pode ser traduzido como "o ataque do Alien explosivo não vai mais dar certo". E isso é muito válido, porque eu imagino que perto da centésima vez que você vê o Keanu Reeves explodindo o peito de alguém, a coisa começa a perder a graça.


Mas e o seu poder de voar? No vídeo acima, ele decola com tanta força que o mundo se deforma em volta dele. No terceiro filme, só a velocidade de voo faz os prédios próximos caírem aos pedaços. Ninguém aqui é especialista em kung fu, mas não seria o poder de sair voando em velocidades supersônicas e depois se lançar de volta ao chão com força suficiente para abrir uma cratera algo levemente útil?

Mas não, todos os novos poderes do Escolhido são ignorados em favor de chutes voadores levemente mais elaborados. As regras de combate dele devem ser as mesmas que os Wachowski usam enquanto escrevem: ser maneiro é mais importante que fazer sentido.

Voar, Voar, Explodir, Explodir



Estamos magnânimos hoje, então vamos dizer que os filmes dos Transformers têm um espectro semitransparente que pode ser chamado de história. O primeiro gira em torno do AllSpark e depois de algumas horas de robôs de computação gráfica se socando, Shia LaBeouf tenta fugir com o MacGuffin tecnológico em um helicóptero militar, mas o que se sucede é o que faz esse filme ser do Michael Bay.


Mas Espera Aí


Ninguém vai te julgar se você não puder diferenciar quem é cada pilha de metal renderizado, mas os Autobots e os Decepticons tinham uma diferença importantíssima: os vilões voam, os heróis não. Então, sim, colocar o AllSpark em um helicóptero ajudou muito... os vilões da história. Eles poderiam ter simplesmente seguido o cubo pelo ar enquanto os Autobots não poderiam fazer nada além de balançar os punhos para o céu em ódio.

Na verdade, esqueça o AllSpark. Como a batalha chegou tão longe em primeiro lugar, se um lado voa e o outro não? Nós testemunhamos Megatron voando com Optimus Prime se agarrando a ele, então por que não pegar os terrestres Autobots, levá-los quilômetros no ar e deixá-los cair? Ou então, no mínimo, ficar voando e atirando sem dar chance de serem socados ou agarrados, que é basicamente só o que os Autobots têm como arma além da voz sensual de Optimus Prime?

Magneto Não Gosta De Apelar



Em X-Men: O Confronto Final, Magneto e seus amigos tentam destruir a fonte de uma cura para mutações. O laboratório fica na Ilha de Alcatraz, então Magneto junta suas tropas em cima da ponte Golden Gate e usa seus poderes de manipular metal para levantar a ponte inteira até a ilha. Por que não simplesmente jogar a ponte na ilha, por incrível que pareça, não é nosso argumento.

Sua contribuição na batalha amonta a jogar carros flamejantes a esmo como se fossem Molotovs gigantes. Os mocinhos se protegem do ataque e, para resumir, Magneto perde a briga e seus poderes.


Mas Espera Aí


No filme anterior, vemos Magneto transformar micropartículas de ferro que estavam na corrente sanguínea de um homem em balas, que são usadas para abater o resto dos guardas presentes.


Por que não fazer a mesma coisa para combater um mini-exército? Metal suficiente não era problema, já que Magneto estava de pé em uma ponte cheia de carros. Ele poderia tê-los transformado em um bilhão de balas e feito seus inimigos, literalmente, engolirem chumbo. E isso se ele estivesse de bom humor. Se não estivesse, que tal um redemoinho de fragmentos de metal que transformaria qualquer ser vivo na ilha em purê, isso sem nem precisar colocar os pés lá? Dá para se proteger de um carro catapultado na sua direção, mas e quanto a milhares de navalhas minúsculas? Talvez o problema seja esse, Magneto queria tanto mostrar do que era capaz que esqueceu que o que importa é a mágica, não o tamanho da barra de ferro.

Fonte: Cracked

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