Bastardos Inglórios - O Passado de Aldo Raine
Bastardos Inglórios nos disse muita coisa, inclusive que Eli Roth tem um prazer orgásmico em atirar na cara de Adolf Hitler...
...mas algo ficou faltando na história. Por que o personagem de Brad Pitt, o capiau do mato Aldo Raine, odeia tanto os Nazistas? Não que isso seja algo ruim, mas Pitt parece estar em uma cruzada pessoal de vingança que lhe renderia uma capa preta e orelhinhas de morcego hoje em dia. Raine merecia um filme de origem, não? Só que, na verdade, tudo que você precisa saber está nesta cena:
Primeiro, a cicatriz no pescoço.
Isso, crianças, é uma queimadura de corda, do tipo que se usa em linchamentos. Raine deve ter sido vítima de um, provavelmente no Sul dos EUA, já que ele é nativo do Tennessee e, sinceramente, eles gostam de linchar pessoas por lá. E isso não é conjectura não, está no roteiro.
Palavras chave: Aldo Raine, capiau, Tennessee, queimadura de corda e linchamento.
Em segundo lugar, Raine diz que ele é um descendente do montanhês Jim Bridger e que tem "um pouco de índio no sangue." Por mais que isso pareça algo que Johnny Depp disse para ganhar o papel de Tonto, Bridger é uma figura histórica do século XIX. Ele foi um caçador de peles e fodão licenciado que teve filhos com três esposas Nativas Americanas diferentes, chegando até a morar com elas de vez em quando.
Juntando todas as pistas, qual o resultado? Um descendente de um fodão histórico que foi linchado e sobreviveu, provavelmente se vingou colecionando escalpos e agora dedica sua vida a lutar contra os maiores maníacos genocidas da história, representando um povo que também já foi vítima de um genocídio. Caramba, tudo bem que todas as informações estão nessa cena, mas esse filme de origem ainda tem que ser feito.
Distrito 9 - Que Pressa é Essa, Wikus?
Distrito 9, feito nos remotos tempos em que Neil Blomkamp era tido como uma estrela em ascensão, conta a história de alienígenas que ficaram presos na Terra e foram isolados na favela homônima. O protagonista humano Wikus recebe a ordem de relocar a população crescente para o novo, ampliado e mais "favélico" ainda Distrito 10. No caminho, ele é atingido com combustível alienígena e, como dita a norma, começa a virar um. De onde se conclui que se um dos alienígenas entrasse em contato com gasolina, ele viraria um brontossauro.
Resumo da ópera, Wikus foge enquanto sua mutação vai progredindo. Ele ajuda um alienígena chamado Christopher Johnson a consertar uma espaçonave lhe permitirá voltar para seu planeta natal e voltar com ajuda para Wikus e seus conterrâneos ETs. Enquanto Wikus, totalmente transformado, espera os três anos que a viagem dura, ele fica escondido no Distrito 10. E esse é o final do filme - a última cena mostra a esposa de Wikus, em luto, com uma rosa de metal que apareceu na sua porta. Supõe-se que seu marido a deixou lá, apesar de nunca ser explicado como um Dr. Zoidberg de três metros de altura, que é o ser bípede mais procurado do mundo, conseguiu sair do Distrito 10 e deixar o presente sem ninguém perceber.
Mas espera aí - O que são aquelas fotos do lado do espelho? Polaroids? Em preto e branco? Triangulares com o fundo arredondado? Ou a Sra. Wikus passou a tirar fotos de suas pizzas para colocar no Instagram ou aquilo são ultrassonografias de um bebê.
Wikus não é exatamente um protagonista para se torcer a favor. No início do filme ele é um babaca para com os alienígenas e, mesmo depois de começar a se transformar, ele só se alia a Christopher por interesse próprio. No final da história, o poder do trabalho em equipe o ensina a respeitar diferenças, mas durante a maior parte do filme, ele é um xenófobo insuportável. Quase não existem razões para se ligar que ele, literalmente, tenha perdido sua humanidade. Mas, sabendo que sua esposa estava grávida, de repente temos um motivo para seu desespero por uma cura e sua frustração quando Christopher diz que vai precisar de três anos. Ele não vai ver seu filho nascer, aprender a falar, levar a culpa por algo que ele quebrou... tudo porque ele está de bobeira na favela como uma barata gigante. Qualquer um jogaria as normas de conduta social no lixo depois dessa. Mas veja pelo lado bom, Wikus: você nunca vai ter que trocar uma fralda.
Cloverfield - O Despertador Que Veio Do Céu
Cloverfield, um filme de horror "found footage" que todos fingiram que era uma revolução só porque o nome de J.J. Abrams estava nos créditos, é sobre um bonitão qualquer tentando salvar a namorada enquanto um mostro ridículo destrói Nova York. O horror vem do fato dos nossos heróis serem um grupo de zés-ninguéns que veem só vislumbres da catástrofe ocorrendo em volta. De onde o monstro veio? Nós vencemos no fim? Por que os efeitos especiais são tão ruins? O que diabos é um Cloverfield?
A maioria dessas perguntas não tem resposta, mas a primeira tem. Ao longo do filme, pequenos trechos da fita original de três dias antes aparecem. Nelas, nosso classudo protagonista filma sua namorada enquanto ela dorme (e o dia deles no parque de Coney Island). Na última da última cena do filme, depois que o casal proclama seu amor um pelo outro e recebem uma ponte na cabeça, a gravação original volta. Enquanto a câmera filma o mar, a garota diz que "teve um bom dia", demonstrando o que, salvo engano, é chamado de sarcasmo dramático.
À primeira vista, é só um final irônico e agridoce, mas prestem atenção no canto direito do mar antes da câmera mudar de foco. Logo que a gravação entra, algo atinge a água. Não conseguem ver? Ampliar e melhorar a imagem!
Essa é a razão do filme começar com uma declaração do governo de que a câmera foi confiscada como evidência. Metade da população de Nova York deve ter filmado ou tirado selfies com o monstro, mas essa câmera é a única que mostra a razão de ele ter acordado para começar. (A campanha viral do filme disse que foi um satélite japonês que caiu, mas a mesma campanha fez parte de planos econômicos diabólicos de uma fabricante de refrigerante, então fique à vontade para dar a sua interpretação.) Seja o que for que caiu no oceano, presume-se que foi o que acordou o monstro como o pior despertador da história. Mas, isso ainda não explica como ele conseguiu pegar os protagonistas de surpresa no final do filme.
Coraline - Fique Longe de Desastres Nucleares
Coraline, o filme para crianças em stop-motion que dá mais medo que a maioria dos filmes de horror, tem um eclético elenco de personagens secundários. A maior parte deles é estranha, porém crível - duas velhas atrizes que ficam relembrando seus dias de glória, um garoto com ansiedade social e uma avó controladora, e pais viciados em trabalho. E então temos o Sr. Bobinsky.
Bobinsky é um acrobata obcecado com beterrabas que está tentando treinar um circo de camundongos, e todos temos a impressão de que ele veio de outro filme. A maioria dos personagens de Coraline, à exceção das madrastas malvadas de universos paralelos, é bem normal. Nenhum deles tem pele azul, com certeza. Então por que Bobinsky parece um consolo duplo em cima de uma bolota de massinha de modelar? A resposta está na medalha em sua camiseta, que ninguém deve ter visto por estar olhando para seus pelos corporais estranhamente hipnóticos. Deem uma olhada melhor.
Caso você seja um inculto que nunca memorizou as medalhas da União Soviética, toma uma dica:
Para os que não jogaram Modern Warfare, essa é uma foto de Pripyat, o local onde ocorreu o desastre nuclear de Chernobyl. Seus duradouros efeitos já custaram a vida de várias das 600.000 pessoas que foram mandadas para limpá-lo. Esses cidadãos soviéticos eram chamados de Liquidadores e, por seus atos, recebiam a Medalha de Serviço no Desastre Nuclear de Chernobyl. Comunistas não sabem dar nomes criativos. Pode-se concluir, então, que Bobinsky foi uma das pessoas que ajudou a limpar as quantidades estapafúrdias de radiação de quando a URSS quis inventar o universo Fallout.
Não há casos documentados de envenenamento por radiação tornando as pessoas azuis, mas em um filme onde um apartamento qualquer contém um universo paralelo onde todo mundo tem olhos de botão, fazer Bobinsky ser um tumor gigante que anda não ia agradar as crianças. Foi mal, Coraline, mas por mais que você insista que ele é só excêntrico, não pirado, esse tipo de rótulo é o menor dos problemas da vida dele.
Predadores - É Muita Falta Do Que Fazer
Predadores, a sequência de 2010 que você nem lembrava que existia, se passa em uma estranha realidade em que Adrian Brody tenta ser um herói de ação sisudo. A história fala de Brody e um grupo de estereótipos raciais sendo mandados para um planeta alienígena que foi transformado em um enorme campo de caça pelos Predadores e seus cães bizarros.
Em determinado momento, o guerrilheiro africano, o membro da Yakuza de katana e o resto desse grupinho do barulho encontra o acampamento dos Predadores, cheio de crânios e troféus. Alguns deles são humanos e estão dispostos como aquele urso empalhado de casa de caipira americano e, se olharmos bem no canto esquerdo, teremos a resposta para uma das grandes perguntas que todo fã de Predador faz.
Aquele ali é o seu tatatatatatatatatatatatatatatatatatatata [...] taravô, o Homo Erectus. Para quem não sabe, não acredita ou não tem saco de pesquisar no Google, o Homo Erectus é um ancestral nosso que andou pela Terra 70.000 anos atrás (ou, se você for muito religioso, que foi criado por Deus para testar a fé dos Predadores). Então ou eles roubaram um museu para dar contexto histórico aos troféus ou eles já estão capturando e caçando humanos há 70 milênios.
Isso gera várias novas perguntas, tipo por que os predadores não arrumaram nada melhor para fazer da vida. E também, há quanto tempo essa tradição existe? Centenas de milhares de anos? Milhões de anos? Será que houve um tempo em que pobres e confusos tiranossauros acordaram em queda livre, batendo os bracinhos em vã esperança antes de ser cercado de Predadores? Será que Jurassic Park: Predadores ou Croods vs. Predadores são spin-offs críveis? A gente assiste, Hollywood. Pode apostar que a gente assiste.
Django Livre - O Poder da Genealogia
Quem é fã jurado de Tarantino sabe que os filmes dele se passam no mesmo universo. Vincent Vega de Pulp Fiction é irmão de Mr. Blonde de Cães de Aluguel, o homem da lei morto pelos irmãos Gecko em Um Drink no Inferno volta dos mortos para investigar o massacre no casamento de Kill Bill, e todo mundo tem uma pressão sanguínea vinte vezes maior que as nossas. Mas a melhor tentativa de juntar os universos aconteceu em Django Livre sem que ninguém percebesse.
A dica está no sobrenome de Broomhilda, von Shaft. Parece o nome rejeitado de uma Bond girl, junto com Titania Peitón e Sakura Mikomi, mas ele é importante. Pensem no fato que Django não tem sobrenome. Em uma cena do filme, Schultz o chama de Django Homemlivre, mas isso está mais para um anúncio de sua abstinência de truques inoportunos com cavalos.
Pensemos, então, no que acontece depois dos créditos. Django teria se casado e tomado o sobrenome von Shaft, por pura falta de um para si. Com certeza viriam crianças e, um dia, seus descendentes teriam americanizado "von Shaft" para, simplesmente...
Shaft.
Isso mesmo. E um dia desses, o tataraneto de Django seria batizado de John Shaft.
Isso não é fanfiction nossa, sério - o próprio Tarantino confirmou a ligação. E se pensarmos que Samuel L. Jackson viveu Shaft no remake, podemos dizer que o maior inimigo de Django é, na verdade, seu próprio descendente que viajou no tempo. Tá, isso já é fanfiction nossa.
Fonte: Cracked
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