A ideia de um servo robótico é bem mais velha do que você deve imaginar. Ela vem de bem antes da icônica série animada dos anos 60, Os Jetsons, onde a robô Rosie era capaz de cozinhar, limpar a casa e resolver problemas inesperados. Já no século III AC, o cientista grego Philo de Bizâncio construiu uma icônica empregada-robô humanoide que conseguia servir vinho quando uma taça era colocada em sua mão.
Hoje em dia, podemos ver robôs aspiradores de pó, robôs quadrúpedes que levam cargas pesadas e até robôs que gerenciam hotéis. Mas, como cientistas, nós estamos sempre mirando no futuro. Todos sonhamos com máquinas inteligentes que poderiam nos ajudar com as tarefas chatas do dia a dia. Afinal, quem gosta de ter que limpar a casa, lavar louça ou roupa suja? Como membros de um projeto europeu chamado CloPeMa, meus colegas e eu temos tentado realizar o sonho de um robô doméstico desenvolvendo uma máquina capaz de entender e manipular roupas.
Manusear peças de roupa sem destruí-las é algo que todos fazemos sem esforço nem pensamento consciente. Mas isso é algo bem mais difícil para um robô, já que tecido é algo deformável e flexível, que muda de estado desde o momento que se encosta nele.
Nós não tomamos consciência da quantidade absurda de destreza e tato necessária para dobrar uma peça de roupa. Tente se imaginar dobrando uma toalha sem saber como é sua aparência ou sua textura, enquanto usa gesso nos braços. Isso já seria um desafio enorme para nós, humanos. Imagine para um robô controlado por um computador.
O objetivo do projeto CloPeMa era desenvolver algoritmos de computador que permitissem que um robô percebesse e compreendesse artigos de roupa, para ser capaz de organizá-los e alisá-los. Começamos com um robô industrial de dois braços e demos a ele um par de olhos robóticos móveis desenvolvidos pela equipe de visão e computação gráfica da Universidade de Glasgow, o que permitiu que ele enxergasse as roupas e a área de trabalho em três dimensões. A partir disso, o robô é capaz de olhar para sua área de trabalho e detectar formas, superfícies e arestas de modo a entender o que está na sua frente.
Nós então programamos o robô para usar essas observações visuais para criar um modelo de computador da roupa, incluindo seu tamanho, tipo de material e a presença ou não de rugas. Ele também é capaz de diferenciar entre categorias de roupas, como jeans, camisas, suéteres e camisetas. Suas mãos (ou pinças, no caso) são, então, capazes de usar a destreza necessária para pegar, alisar, dobrar e desdobrar as roupas.
O problema é o poder de computação e o tempo necessários para transformar a informação percebida em ações. Separar as roupas demora quatro minutos por peça, dobrar uma camiseta requer cinco minutos, e alisar uma toalha quadrada pode demorar até 15. É visível que os usos comerciais e industriais do CloPeMa ainda está longe de chegar. Ainda falta muito para o dia em que todos teremos um desses em casa.
No entanto, a equipe do CloPeMa não está sozinha, e pesquisadores ao redor do mundo vêm progredindo consideravelmente na tarefa de criar um robô lavador de roupas. Por exemplo, o PR2, da Universidade de Berkeley, Califórnia, é capaz de realizar várias tarefas com artigos de vestuário, como dobrar e desdobrar toalhas e juntar pares de meias. A pesquisa está avançando com uma velocidade tal que, dentro de alguns anos, veremos robôs capazes de executar várias tarefas.
E embora tendamos a pensar em robôs como máquinas antropomórficas, na verdade nós já temos alguns robôs em casa, como eletrodomésticos linha branca "inteligentes". Por exemplo, máquinas de lavar que alteram seu ciclo de lavagem dependendo do tipo da roupa ou destilarias domésticas automatizadas de cerveja (quase que uma versão moderna da empregada robótica de Philo).
O sonho continua, claro, sendo ter robôs inteligentes o bastante para podermos simplesmente dar uma ordem e vê-los executar as tarefas de casa sem supervisão humana.
Fonte: IFLScience
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