quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Dr. House Pode Estar Com o Emprego em Risco - Quarta Científica #30



Um diagnóstico melhor leva a tratamentos melhores - isso todo mundo sabe. Só que é mais fácil falar do que fazer, como sempre. Às vezes não é possível seguir essa lógica, quando, por exemplo, os exames que detectam doenças ou infecções levam tempo para dar resultado, ou são imprecisos ou insensíveis. Por exemplo, os vírus: existem inúmeros deles capazes de causar doenças, muitos causando os mesmos sintomas ou, pior ainda, sintoma nenhum. Sendo assim, detectá-los pode ser um pesadelo. Às vezes é necessária uma bateria de testes árdua e custosa para desvendar um caso.

Mas e se houvesse um teste universal, pau-para-toda-obra que pudesse detectar qualquer vírus conhecido em uma amostra, eliminando a necessidade desse trabalho de detetive tão demorado? Pode parecer um pouco (ou muito) fora do nosso escopo, mas um grupo de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Washington pode ter realizado esse feito impressionante, que era há muito aguardado.

"Com esse exame, você não precisa saber pelo quê está procurado", disse o autor-sênior Gregory Storch. "Ele lança uma rede grande capaz de detectar, com eficiência, vírus presentes em concentrações muito baixas. Acreditamos que o exame será especialmente útil em situações onde um diagnóstico ainda não seja claro, mesmo depois dos testes padrão, ou em situações onde a causa de uma epidemia seja desconhecida".

Pela descrição do trabalho publicada na revista Genome Research, os resultados são impressionantes. Para fazer seu "ViroCap", os pesquisadores começaram criando um painel amplo de sequências buscadas pelo teste, que foram geradas usando trechos diferenciados de DNA e RNA encontrados em vírus de 34 famílias diferentes de infectantes de humanos e animais. O resultado foram milhões de sequências de ácidos nucleicos que podem ser usados para capturar cepas compatíveis em uma amostra, caso elas estejam presentes.

E o amplo espectro do teste não é sua única característica impressionante: ele é tão sensível que pode detectar até pequenas variações nas sequências, o que permite identificar um novo subtipo do vírus - algo que não é possível em muitos testes tradicionais. Muito embora isso não vá mudar a forma de tratamento de um paciente, pode ajudar no monitoramento da evolução de doenças.

Para demonstrar as capacidades do teste, os pesquisadores colheram amostras de um pequeno grupo de pacientes do Hospital Pediátrico de St. Louis e compararam os resultados com os obtidos dos testes normais. O sequenciamento tradicional conseguiu detectar vírus na maioria das crianças, mas o ViroCap também encontrou vírus bem comuns que não haviam sido detectados. Entre esses estavam um vírus da gripe e o causador da catapora. Em um segundo exame feito em um grupo diferente de crianças, todas com febre, o novo método detectou sete vírus além dos 11 que o método tradicional foi capaz de detectar.

No papel, está tudo lindo e maravilhoso, mas, claro, o exame ainda não está pronto para ser usado no posto de saúde da esquina. Mais testes são necessários para verificar a sua precisão em grupos maiores de pessoas, já que, até agora, só um número limitado de pacientes foram testados. Mas, quando chegar a hora, a equipe planeja tornar o exame acessível para todos, o que seria muito bem-vindo em meio a grandes epidemias, como a do Ebola. Além disso, a equipe espera, em algum momento, conseguir alterá-lo para detectar material genético de outros tipos de micróbios, como bactérias. Se isso puder ser feito, teríamos em mãos um método extremamente útil capaz de mudar a medicina diagnóstica para melhor.

Fonte: IFLScience

Nenhum comentário:

Postar um comentário