Assassin's Creed Unity,
Batman Arkham Knight no PC e
Tony Hawk's Pro Skater 5. O que esses três têm em comum? Todos são exemplos recentes de jogos que estavam tão cheios de bugs e erros que ficaram praticamente injogáveis. Alguns anos atrás, a única moral da história seria "cuidado com o que você compra". Mas, hoje em dia, as coisas ficaram mais complicadas. Com a chegada dos sistemas online para os consoles domésticos (coisa que o PC já tem há mais de uma década), os desenvolvedores se tornaram capazes de mandar correções e atualizações para seus jogos. Ou seja, um jogo que esteja quebrado no lançamento não precisa ficar assim para sempre. E isso acaba criando uma situação bem difícil para quase todo mundo envolvido no processo. Vamos começar com os críticos.
|
Olha, mãe! Sem o corpo! |
O primeiro dever de alguém que, profissionalmente, faz resenhas de jogos é o de dar aos consumidores em potencial um gostinho da experiência, para que eles possam comprar estando bem informados sobre o jogo. O segundo dever é o de dar sua opinião sobre essa experiência. E o problema começa a partir do fato que a experiência e, portanto, a opinião sobre ela pode mudar ao longo do tempo, caso o jogo seja consertado após seu lançamento. Um jogo que o crítico considere injogável devido aos bugs pode prover uma experiência completamente diferente depois do patch. Isso levanta a questão de se os críticos deveriam se retratar e refazer suas resenhas após uma correção dessas. A maioria das fontes que publicam reviews de jogos fazem questão de NÃO mudar o que foi publicado. Mas um consumidor que planeje comprar um jogo três meses após o lançamento pode acabar sendo desencorajado pelas opiniões que o jogo recebeu quando foi lançado. E isso não é justo nem com o consumidor nem com o desenvolvedor. O que me leva ao meu próximo assunto, os desenvolvedores.
Afinal de contas, por que parece que cada vez mais e mais jogos estão sendo lançados quebrados ou incompletos? A verdade é que o sistema inteiro é defeituoso, mas quem pode levar a maior parte da culpa são as publicadoras. As publicadoras pressionam os desenvolvedores para fazer jogos AAA em ritmo absurdo com menos recursos do que o necessário. Se você der um pulinho no Google, é fácil encontrar histórias terríveis de desenvolvedores que mal viam suas famílias e quase piraram tentando terminar um jogo até o prazo dado. O maior problema ocorre quando o jogo é lançado ainda incompleto devido à pressão exercida pela publicadora, recebe notas baixas, portanto vende pouco e os desenvolvedores que o criaram recebem menos dinheiro. Ou seja, todo o trabalho duro acaba sendo em vão. Mesmo que o jogo seja consertado em uma semana ou em um mês, aquela nota inicial é o que vale. O MetaCritic é a lei. Já que os críticos não refazem suas reviews e o meta-score não muda, os compradores em potencial que pesquisem sobre o jogo daqui a seis meses vão estar lendo as mesmas opiniões de quando o jogo lançou, mesmo que a experiência esteja completamente diferente.
|
Nananananananana, Bat-árvore! |
Provavelmente, quem é mais afetado por esse sistema atual é o consumidor. Comprar um jogo não só significa investir dinheiro como também tempo e esforço. Ninguém quer gastar à toa em um jogo que te deixe frustrado por causa de problemas técnicos. E quem tinha vontade de comprar um determinado jogo até ler as resenhas também sai prejudicado, mesmo depois dos problemas estarem resolvidos. Essas pessoas acabam na difícil posição de ou comprar o jogo torcendo para que os bugs não apareçam ou simplesmente não comprá-lo. E é ainda pior para alguém que estava na expectativa de jogar aquele lançamento.
E o que se há de fazer a respeito? Certamente que os críticos não podem esperar os patches saírem, já que um jogo pode demorar meses para ser consertado. Infelizmente, as publicadores não vão dar aos desenvolvedores nem o tempo nem os recursos a mais para que os bugs sejam corrigidos. E os consumidores, cada dia com mais acesso à informação, não vão simplesmente comprar um jogo e rezar pelo melhor. O que fazer, então? A melhor coisa seria os críticos revisitarem os jogos e mudarem suas notas se e quando os problemas forem resolvidos. Games não são talhados em pedra como música. O disco de um cantor não muda ao longo do tempo, então faz sentido um crítico não voltar e mudar sua opinião. Eu volto a escutar certos discos depois de um ano, sim, mas só para ver se os meus sentimentos em relação a ele mudaram. Os jogos, por outro lado, podem mudar com o tempo. Qualquer crítico com responsabilidade e profissionalismo e que se leve a sério deveria voltar a um jogo consertado e pensar seriamente em mudar sua nota.
|
Ezio, are you okay? Are you okay, Ezio? |
Agora, talvez isso pareça ter potencial para um efeito bola de neve. Onde esse direito de revisão acaba? Será que um crítico vai ter que analisar um jogo multiplayer três anos depois e comentar como a comunidade deixou de existir? Essa noção deve ser aplicada somente em jogos com problemas técnicos, não nos com falhas de gameplay. Um jogo ruim vai continuar sendo ruim, mesmo sem bugs. Mas, se olharmos para dois dos jogos que eu mencionem,
Batman: Arkham Knight para o PC e
Tony Hawk's Pro Skater 5, as resenhas dão a entender que existem jogos no mínimo decentes ocultos sob o véu de erros bizarros. Ou seja, a experiência toda pode mudar quando esses problemas forem resolvidos. Jogos como
Painkiller: Resurrection ou
The Walking Dead: Survival Instinct não vão ficar muito melhores mesmo se o programa estiver perfeito. Portanto, existe uma divisão clara entre os casos em que uma nota revisada é necessária e os em que ela é uma perda de tempo.
Nesse exato momento, o sistema inteiro está quebrado. Não existe uma causa única para o assustador número de grandes jogos sendo lançados em mau estado, e não existe um grupo único sendo afetado por isso. A indústria como um todo precisa se adequar à era moderna.
|
Bons sonhos. |
Fonte:
N4G
Imagens:
VideoGamesBlogger (1) (2),
Twinfinite,
Pikdit,
The Telegraph
Nenhum comentário:
Postar um comentário